Onde nada mais existe tu consegues encontrar-me.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A Chuva

A chuva tocou o meu rosto suavemente, querendo sentir o interior da minha alma. Pouco a pouco comecei a sentir-me aconchegada entre o seu calor estranhamente sentido. Na minha face corriam lágrimas não minhas, vindas do mais infinito mundo desconhecido que tanto me trazem a curiosidade. Se escutarmos com toda a atenção, podemos ouvir os sussuros da vida de cada gota, da sua viagem, dos seus sentimentos. Comecei a sentir-me confortável com ela; parecia que já a conhecia antes e me estava apenas a relembrar bons momentos.
Estiquei o pescoço e senti a chuva a percorrer cada poro da minha pele e a desaparecer como por magia enquanto escorregava pelo meu corpo. Deixei-me ficar. Ali sentia-me bem com todo o meio envolvente.
Mas algo me fez arrepiar por onde a chuva não consegui percorrer. Quando os teus olhos fixaram os meus algo aconteceu. Já não sentia esse olhar à tanto tempo que me senti petrificada; era-me impossível puder deixar de o olhar. Algo nele parecia querer mais do que uma visão. Lentamente, aproximaste os teus lábios dos meus e senti o meu coração disparar; algo me cortou a respiração como um golpe profundo que não consegui ver; e os teus lábios continuavam a aproximar-se. O teu toque com a magia da chuva causou um milagre, algo quase impossível de imaginar; tão intenso, tão misterioso. Abraçaste-me e nunca mais me largaste.


PIPER

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